Por meus olhos

01:11 Kamila Siqueira 0 Comments

04/02/2015


Pela chuva que cai pesadamente sobre meu corpo, sem guarda-chuva, sem casaco e sem preparo. Pelas gotas que atingem meus olhos quando encaro o céu molhado e a água que meus lábios saboreiam sem querer. Pelo céu estrelado, onde todas as estrelas sorriem e as nuvens me escondem a lua. Pela grama sob meus pés e meus sapatos encharcados que fazem barulho enquanto caminho e pulo. Pelos pulos. Meus saltos desajeitados e incontroláveis, por eles. Pelos sorrisos que vejo e as gargalhadas que ouço e as vozes que cantam e os corpos que dançam. Pelo som das vozes. Pelo calor dos abraços, a firmeza dos braços e o nó dos laços. Pelos passos que acompanham, que ecoam em uníssono e reverberam em conjunto. Pelas mãos. Ah, as mãos. Pelas mãos que se encontram quase sem querer, os dedos que se esbarram, se encostam e se entrelaçam. Pelos sorrisos trocados. As bocas que se confundem, se misturam e se derretem. Pelo suor e pelas lágrimas. As lágrimas que se derramam de olhos de todas as cores, quentes, frias, misturadas com chuva ou secas no meio das bochechas. Pelos olhos que enxergam as cores. Pelas cores. Pelos cheiros das flores, pelas frutas e os sabores, pela textura da terra. Pela terra molhada. Pelas asas dos pássaros, dos insetos e dos aviões. Pelas luzes das cidades e as estrelas do mar. Pela ressaca das ondas e a voz dentro das conchas. Pelos sussurros no ouvido do coração. Pelo peito que segura os batimentos gritantes lá de dentro, ansiosos e juvenis. Pelo corpo que se adapta, se conecta, se encontra. Pelo ar puro nos pulmões e o vento no rosto. Pelo calor do sol nos dias frios, pela sombra preciosa nos dias quentes, pelas nuvens que passeiam sob disfarces de bichinhos de algodão pelo céu azul. Pelo céu azul.

Pela minha pele que sente tudo isso, minha carne, minha alma e meu coração. Eu sou grata.

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