Eu transbordo
08/04/2014
Se te pedissem para dizer quem você é em sua essência, você saberia o que responder?
Alice me ensinou que pela manhã acordamos sendo alguém, mas mudamos muitas vezes desde então. Apesar de saber exatamente como é isso, eu saberia dizer quem sou. Sei o que me é intrínseco: eu transbordo.
Eu sou alguém que transborda. Transbordo meus erros e meus acertos, minhas dádivas e meus pecados. Tudo em mim é exagero e vivo aos extremos. Nada é ruim o suficiente se não puder se transformar em uma tragédia shakespeariana. Se for bom, que seja um espetáculo da Broadway. Eu transbordo todos os meus erros e sofro minha culpa ao extremo. "Não pegue toda a culpa para você. Aceite só a sua parte." Me sinto responsável por tudo. Mas também transbordo perdão na mesma proporção.
Mesmo que não percebam o erro. Mesmo que ela nunca me peça perdão. Eu o transbordo.
Minhas lágrimas são maiores que meus olhos, transbordam para fora, escorrem pelo corpo nu em excesso. Minhas alegrias andam transbordando em sorrisos e gargalhadas de doer a barriga. Amo ouvir essa risada.
Minha vontade de estar presente na vida dos que aprecio também é desse tamanho enorme. Minha vontade de agradar, de ajudar, de ser importante para os outros. De ser alguém. Talvez minha carência também transborde de maneira patética.
Mas peço que perdoe esses extremos ruins, e peço perdão oferecendo o que tenho em maior quantidade entre meus exageros: o amor.
Eu transbordo amor. Por todos aqueles que também tem amor e por aqueles que não o possuem. Por quem também me tem amor e por quem não significo. Por quem me quer e por quem me rejeita, por quem quer meu amor inteiro e quem quer só um pedacinho, sem esse auê todo.
Eu transbordo amor.
É isso o que me salva.
É isso o que me destrói.