Na linha do trem
02/07/2012
É assim que eu vivo.
Como se estivesse andando na linha do trem, podendo ser surpreendida por uma máquina feroz a qualquer momento. Sei onde quero chegar. Ainda não consigo ver nada além dos trilhos, mas sei para onde estou caminhando. Não tenho medo de chegar, não sinto nervosismo algum. Mas tenho medo do que posso encontrar no meio do caminho.
Ando devagar para não me desequilibrar. Se eu errar, se eu der um passo em falso, vou cair. E sabe-se lá o que pode acontecer se eu cair. Sabe-se lá quem ou o que pode passar por cima de mim. Não sei nem mesmo se terei forças para me levantar, se terei onde me apoiar, não vejo nada senão a enorme corda bamba que tenho pela frente. Não tenho o direito de errar. Não desta vez.
Às vezes bate o desânimo, quando percebo que o caminho a seguir ainda é longo. Sei que já caminhei bastante, mas não olho para trás. Se olhar, corro o risco de me desequilibrar e cair.
Também existem aqueles que não entendem. Que não apoiam. Que não conseguem ver que uma linha de trem não é apenas uma linha de trem, que andar sobre ela não é um passatempo, que não é tão fácil seguir em frente dessa forma. Tento explicar. Tento mostrar o meu ponto de vista, mostrar porque estou indo por este caminho. Mas eles não ouvem. São cegos, surdos e falam mais do que deveriam.
Dá vontade de pular dos trilhos.
Mas eu continuou andando. Um pé na frente do outro. Um pé. O outro. Um pé. O outro.
Sem pressa, sem pressa.