Liberdade
10/03/2011
Não é como se eu estivesse de mãos atadas. Nasci com livre arbítrio, ao menos é o que dizem. Mas não posso e isso é tudo o que sei. Ouvi um homem dizer que não sou livre se não conseguir dizer não a mim mesma. Então talvez eu não seja mesmo livre. E talvez a minha forma de conduzir a vida seja tão absurda que escolho negar a liberdade para que não precise negar o que minha alma deseja, o que meu coração busca, o que meu corpo quer. Não sou livre, mas é isso o que me faz possuir as palavras. E se sou escrava de algo, que seja de mim mesma e de minhas palavras.
E afinal, que vantagens teria em conseguir dizer não para tudo e qualquer coisa, se o que me faz sentir melhor é justamente dizer sim em algumas situações? Não entendo quem divide as escolhas entre certas e erradas se escolhas são apenas escolhas, com suas consequências boas e ruins. Hoje me sinto disposta a olhar para o céu durante o dia até que a claridade do sol arranque lágrimas dos meus olhos porque sei que hoje as lágrimas não serão de tristeza. Mas nos dias em que forem lágrimas tristes, qual o problema em fechar meus olhos? Por que não posso ignorar algumas verdades por um tempo?
A vida é bonita sim, mas é como um cristal brilhando sob o sol quente. É bonito de se olhar, às vezes é bonito até mesmo quando se espatifa no chão. Mas seus pequenos pedaços são cortantes, ferem. Eu ando com os pés descalços, o coração aberto. Tenho todo o direito do mundo de evitar pisar em cacos de vidro.