Fatos
22/01/2010
Fui até a janela e olhei para o dia lá fora. Era uma tarde de verão e o céu estava bem azul. Mas não era para o céu que eu queria olhar.
Ele estava lá fora, parado a poucos metros de distância, de costas para mim. Eu o observei enquanto ele observava as flores. As mãos nos bolsos, a camiseta branca, o sol forte batendo nas costas. Não disse e nem fez nada, mas tenho quase certeza de que sabia que eu o observava. Eu quis chamar o nome dele, quis começar uma conversa qualquer só para ter seus olhos focados nos meus, só para ouvir aquela voz falando comigo. Mas não fiz nada. De que iria adiantar? Seus olhos não iriam encontrar nos meus o que eu encontro nos dele, sua voz não iria dizer nada daquilo que eu queria ouvir. E não havia mais nada que eu pudesse fazer para mudar os fatos. Eu só podia observá-lo. Tão perto e ao mesmo tempo tão longe de mim...
Ele afastou algumas folhas secas das flores bonitas. Eu olhei para o céu, tão claro e tão bonito, e perguntei por que as coisas tinham de ser como são.
Até hoje não encontrei a resposta.